Na selva de cimento, há uma clareira à beira…
Da saída da minha cabana sem
amor. Na rua que desce da minha casa, refúgio do meu isolamento.
Há uma lua ou falta dela, na
noite sempre brilhante que encanta um lugar misterioso de pássaros à janela de
marquises fechadas e iluminadas pela luz da EDP, energia que não preciso quando
me desloco entre prédios dispostos em círculo e de pouca altura, suficiente pra
deixar passar a luz da noite e o Sol em chapa do meio-dia, na clareira onde a minha
cadela faz o que tem a fazer e eu olho o céu mágico centrado naquele lugar
cercado e com duas entradas que concentra a prata da noite e o ouro do
Silêncio.
De pássaros que vêm televisão
e se fecham em gaiolas interiores que eu observo à luz da Lua mais baixa ali,
quase em cima de mim e de uma claridade feliz de mim e do meu animal, refúgio
da selva amazónica de árvores e bichos em que se tornou a sociedade humana, por
momentos na claridade, da clareira…
Que brilha mais alto e centra
o ser de alguém não distante de um índio selvagem e de pedra, dessa sim, selva
de cimento erguida em sociedade, pelos melros da construção civil suburbana onde
não há lugar onde alguém se possa refugiar: -
Excepto nesta clareia de
magia, aberta pelos astros, na beira de minha casa. Venerados em momentos de
divindade pagã.
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