sábado, 3 de janeiro de 2015

Rolling stone

Gostava de ser uma bola que rola. Ou uma roda de bicicleta, ou moto tanto faz.
Rolar pelo chão como algo que não tem atrito. O atrito da vida e das preocupações.
Rolar como uma pedra, ou uma roda de pasteleira, lenta e aos ziguezagues, como bêbeda.
Chutada por um xuto. De um puto. E de uma pedra maior que qualquer ganza e assim voar pelo ar!...
Sem aterrar, e depois rolar lento. Como se enrola um charro. Em que se sobe e cai. Stone free... Sobe e desce da estrada, feita de buracos. Quando neles caímos de verdade. E cair, porque não ao pé de uma erva. Que se não se fuma mas é verde como o que é alegre na vida despreocupada e lenta. Depois de assentar, levar um daqueles pontapés que deixam marca e vermelhidão. 
Passar do riso para o chão. De pedra. E agreste.
Mas voei! Como uma pedra que não deixou marca. Por onde passou. Neste mundo. Uma Bola de trapo.
Que rolou, feliz. 

Fado

Não quero que me cantes!
Tens uma musa e és uma diva, enamorada de poetas.
Eu sou um Homem pobre, sem nada.
A minha história é a tristeza da ausência de música e ritmos, que não se prestam à tua voz de alegria. É o silêncio. E uma vida parada. Não tenho nada.
És linda. Dá-me antes a tua mão e um abraço. E põe-me na cama com um último sorriso.
Onde descanso dos meus fantasmas. Passei a vida a dormir.
Dá-me um abraço sentido e em silêncio de palavras. E depois canta-me para eu adormecer.
A minha história não está para comprar e vender. Só vivida, triste e cansado. A tristeza é o meu fado.
Solidão que não pode ser canção. Nunca, meu irmão! Ou irmã. Quem seja. Que não eu.
Canta-me antes uma cantiga alegre mas não cantes o meu fado.
Mas se o cantares e a minha história, chora e verte lágrimas porque nela não há glória!
Canta-me e encanta-me e se puderes leva a minha vida e o meu fado, para o Outro lado...
Tenho de ir!.. Não cantes mais. Encanta-me,

Mas não, nunca me cantes – O meu fado!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ismos

Todos as palavras acabadas em ismo, são uma espécie de eufemismo. Também este um ismo, mas de retórica, que expressa o verdadeiro despotismo de todos os ismos - todos eles com o seu contrário, que se apresentam como a solução... Mas não!

Comunismo e fascismo. Consumismo e despesismo. Liberalismo, conservadorismo. Despotismo e anarquismo, etc.

O controlo através de ideias feitas razão, perseguição do que é novo e diferente.

Eu, tu. Toda essa gente que não se conforma com preconceitos. De valores de vidro, desfeitos pela realidade. Que não nos poupa à existência, força criadora e amoral, de volta com a vida, no mundo e impermanência universal. No mundo já disse e em Portugal.

Só crescemos quando sonhamos, fomos inovadores, viajamos e fomos exploradores. Somos um barco que ruma, sem destino e não se arruma com ideais. Num qualquer cais. Parado, isolado.

Todos os ismos são palavras perigosas e vagas que só se prestam à semântica feita de construções maniqueístas em que só há o bem e o mal! A existência tem uma matiz cinzenta e a vida é uma paleta de mil cores.

Por isso, abaixo todos os ismos! Idiotismos.